sexta-feira, 9 de novembro de 2012

BERIMBAU


"Hungo" em Luanda "m'bolumbumba" em Benguela; que é vulgarmente conhecido por BERIMBAU. Assim se chama esse belíssimo instrumento musical da tradição de Angola, que os negros no Brasil usavam para aliviar a alma e comunicar-se de emboscadas de Autoridades Brasileiras. O instrumento é usado em Uma Arte Marcial  chamada CAPOEIRA. 

É constituído por uma vara em arco, de madeira ou verga, com um comprimento aproximado de 1,50 metros a 1,70 metros e um fio de aço (arame) preso nas extremidades da vara. Na sua base, é amarrada uma cabaça com o fundo cortado que funciona como caixa de ressonância. O tocador de hungo usa a mão esquerda para sustentar o conjunto e pratica um movimentos de vai e vem contra o ventre, utilizando uma pedra ou uma moeda (dobrão), para pressionar o fio. A mão direita, com uma varinha, percute a corda.


ETIMOLOGIA 
"Berimbau" origina-se do termo quimbundo mbirimbau[3]. "Urucungo" origina-se do termo quimbundo ri'kungu, que significa "cova". É uma referência à cavidade do berimbau[4]  

 
ORIGENS
Estima-se que o arco musical tenha surgido por volta de 1500 a.C.. Instrumentos derivados do arco foram encontrados nas mais diversas regiões do mundo, como no Novo México, na Patagônia, na África e em civilizações antigas, entre elas a egípcia, a fenícia, a hindu, a persa e a assíria.[carece de fontes] Há registos do hungu, da forma que conhecemos hoje, desde tempos primitivos, em Angola[5].

Da África, o berimbau foi levado ao Brasil pelos escravos africanos, acabando por ser incorporado na prática da arte marcial afro-brasileira conhecida como capoeira, na qual o som do berimbau comanda o ritmo dos movimentos do capoeirista. Contudo, no Brasil o instrumento acabou por se disseminando para outras manifestações culturais, como na música popular brasileira do guitarrista Baden Powell e do compositor Vinícius de Morais.


NA CAPOEIRA
O berimbau é um elemento fundamental na capoeira, sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciarem um jogo. Alguns o consideram um instrumento sagrado. Ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo de jogo. São dados nomes às variações de toques mais conhecidas, e quando se toca repetidamente um mesmo toque, diz-se que está jogando a capoeira daquele estilo. As variações mais comuns são "Angola" e "São Bento Grande".


Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente, cada um com uma função mais ou menos definida.
  • O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações. O tocador de berra-boi no começo de uma roda de capoeira geralmente é seu líder, sendo seguido pelos outros instrumentos. O tocador principal do gunga geralmente também lidera a cantoria, além de convidar os jogadores ao "pé do berimbau" (para inciarem a dança).
  • o médio complementa o gunga. Por exemplo, enquanto o gunga toca um padrão simples de oito unidades (xxL.H.H.), o médio pode tocar uma variação de dezesseis unidades (xxL.xLHL|.xL.H.H.). O diálogo entre o gunga e o médio caracteriza o toque. No toque São Bento Pequeno, o médio inverte a melodia do gunga (xxH.L...), com alguma improvisação.
  • O viola toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois. O tocador do violinha harmoniza e quebra para acentuar as músicas.
Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre de roda determina a interação entre seus músicos. Alguns preferem todos os instrumentos em uníssono, ao passo que outros dividem os tocadores entre iniciantes e avançados, requerendo dos últimos variações mais complexas.
A afinação na capoeira é escarçamente definida. O berimbau é um instrumento microtonal, e pode ser afinado na mesma altura, variando apenas no timbre. A nota baixa do médio é afinada com a nota alta do gunga, o mesmo se procedendo em relação ao violinha para com o médio. Outros gostam de afinar o instrumento em quarteto (C, F, B) ou em tríade (C, E, G). No geral, a afinação depende da aprovação do mestre de roda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. ↑ a b c FRUNGILLO, Mário D.. Dicionário de percussão. [S.l.]: Editora UNESP, 2003. 425 p. p. 39. ISBN 8571394482. Página visitada em 29 de Setembro de 2010.
  2.  ANGOPMuseu de Antropologia acolhe amostra de instrumentos musicais (em Português)8 de Janeiro de 2007. Página visitada em 5 de Maio de 2010.
  3.  FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.250
  4.  FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 743
  5.  Redinha, José. Instrumentos musicais de Angola: Sua construção e descrição (em Português). Instituto de antropologia ed. CoimbraUniversidade de Coimbra1984